FRAN GALVÃO

Será que seu estilo é definido pelo algoritmo?

Por Fran Galvão | Consultora de imagem e estilo
| Tempo de leitura: 3 min
Divulgação
Será que seu estilo é definido pelo algoritmo?
Será que seu estilo é definido pelo algoritmo?

Outro dia, conversando com uma cliente, ela me contou que comprou uma determinada bota porque "tava todo mundo usando no Instagram". Quando perguntei se ela se sentia bem com aquilo, ela hesitou. “Acho que sim...quer dizer, achei bonito na fulana e resolvi arriscar, entende?”

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Entendo, adoro ver minhas clientes ousando, saindo da caixinha, mas me fez pensar nessa dinâmica que vivemos atualmente onde nossas buscas por referencias (de moda, política, saúde, pensamento e tantas outras) e o aumento de repertorio é muitas vezes refém de um algoritmo. Esse pequeno episódio com minha cliente ilustra isso: o quanto nossos desejos visuais, nosso guarda-roupa e até nossa percepção de estilo estão sendo moldados por algoritmos, inclusive fazendo o “sou tão básica” ser um problema diagnosticado por tantas mulheres.

Somos bombardeados, diariamente, por um mar de imagens e informações. Influencers, marcas, tutoriais, tendências. Isso além de ser extremamente desgastante, molda nossos padrões, afinal o que vemos com frequência, amos a considerar bonito/correto, o famoso processo de “adaptação visual”. O que é reforçado em nossa bolha, a a parecer certo. Mas será que esse processo, de forma sutil, quase imperceptível, não faz com que nos afastemos do que genuinamente gostamos e acreditamos - e nos aproximando daquilo que parece estar“funcionando bem”?

Vamos de um exemplo bem simples: costumo explicar para minhas clientes e alunas observarem a evolução do animal print na moda. Antigamente associávamos a estampa a um estilo mais “perua de ser” – depois de tanta presença (na moda e na decoração), essa percepção caiu por terra e hoje há quem diga que o animal print é uma estampa básica – ok, não tão básica, mas corriqueira que não carrega mais o estereótipo da “peruice”.

É importante entendermos o impacto do algoritmo nisso e consequentemente no nosso estilo. Quem me acompanha já entendeu (assim espero!) que seu estilo é muito mais do que uma tendência ou uma estética “do momento”. Ele é feito de referências, histórias vividas, memórias, preferências pessoais, emoções e sobretudo, intenções. Quando você se veste com consciência, se pergunta: “o que quero comunicar hoje com essa imagem?”, tudo muda.

Longe de mim ser contra as redes, acho um espaço maravilhoso de inspiração e troca. Mas é preciso entender o jogo delas e como isso é usado para criar tendências, impactar gerações e sim, mudar seu estilo.

Seu estilo não pode ser uma cópia de feed alheio. Ele pode até dialogar com o que está em alta, claro! Mas deve ser construído a partir da sua verdade. Afinal, de que adianta seguir o que é tendência, se isso te desconecta de quem você realmente é?Sem contar a frustação que gera, afinal quantas vezes você comprou aquele look perfeito da loja ou da blogueira predileta e quando chegou em casa, adivinha? Não ficou igual!

Uma dica que sempre dou: salve referências que realmente se conecta com você, com seu estilo de vida e rotina. Também aquelas que te encantam de verdade, fazem seu coração bater mais forte (moda também é sonho e magia). Deixe de lados aquelas que te tocaram apenas por estar em alta e por arem tantas e tantas vezes pelo seu feed. Depois, observe: o que elas têm em comum? Quais cores, formas, texturas e mensagens aparecem com frequência? Aí está o ótimo começo.

Outra dica é olhar para o seu guarda-roupa e perguntar: quantas dessas peças eu escolhi porque me representam, e quantas vieram por influência externa? Essa reflexão pode abrir caminhos incríveis para uma relação mais autêntica com sua imagem.

Mas será então que o algoritmo é o vilão do seu estilo? Definitivamente não! No final das contas, o algoritmo entrega o que consumimos. E se consumirmos com intenção, ele a a trabalhar a nosso favor.

O estilo de verdade não se resume (ou não deveria se resumir) em um rolar de tela, curtidas e engajamento. Ele é presença, intenção e identidade. E isso, minha querida leitora, nenhum algoritmo pode prever.

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